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A pandemia da Covid-19, responsável por mais de 40 óbitos em Piracicaba, determinou a necessidade do distanciamento social, o que também significou fechar as escolas. Como não há previsão de fim do atual ciclo do vírus, a saída foi estabelecer aulas on-line. Nesse ambiente, mostrou-se intensa a desigualdade socioeconômica no Brasil.

O ensino on-line supõe o acesso de todos à tecnologia da comunicação, como celulares e computadores, o que, todavia, não ocorre no país. Nessa direção, a pandemia descortinou a urgência de se disponibilizarem, à população, tais instrumentos tecnológicos, que marcam a realidade do século XXI. Uma vez que apenas as classes mais altas dispõem desse arsenal, evidencia-se a desigualdade social, o que contraria a Constituição de 1988.

Nesse contexto, para amenizar a desigualdade social e estimular a cultura do uso educativo da tecnologia, o Poder Público tem de expandir o número de centros digitais nas periferias, treinar e atualizar os profissionais da área, firmar parcerias com empresas, a fim de ofertar itens tecnológicos a preços baixos ou com financiamentos a juros simbólicos, entre outras ações afirmativas. Também deve priorizar a acessibilidade a pessoas com deficiência e garantir Educação e Cidadania a todos.

Tais soluções demandam tempo, mas, em âmbito nacional, o Governo Federal poderia ter estipulado o salário mínimo como base ao auxílio emergencial e iniciado o planejamento das ações afirmativas de Educação. No cenário local, elas passam por um orçamento de quase 400 milhões de reais, valor anual projetado à Secretaria Municipal de Educação. Será impossível, pós-Covid-19, ignorar o impacto digital na concepção de um “novo normal”.

Mesmo considerando as dificuldades da Covid-19, que exigem um gasto maior e não planejado, nota-se que Piracicaba investe mal em tecnologia voltada à Educação. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apenas 68% das unidades de ensino municipais têm laboratórios de informática, abaixo dos 74,5% projetados pelo órgão federal.

Além disso, a maioria da classe política municipal parece alheia às questões sociais presentes na Educação. Sua prioridade tem sido discutir, de forma rasa, a reabertura não planejada do comércio. Cabe uma pergunta: com quem ficarão os filhos das mulheres que voltaram a trabalhar nas lojas e dependem das creches, ainda fechadas? O Poder Público como um todo faz mães e pais de baixa renda escolherem entre cuidar dos filhos e manter os empregos. Caso o auxílio emergencial fosse digno e tivéssemos um planejamento sério, funcionários e patrões ficariam por um período maior em casa.

Como ficou evidente na pandemia, a desigualdade social, naturalizada na sociedade, representa grande entrave ao desenvolvimento das novas gerações, uma vez que impede a formação educacional que todos merecemos como cidadãos. É preciso mudar esse cenário!


Cimara Prada, professora e empreendedora.

Fonte: https://www.atribunapiracicabana.com.br/2020/06/11/desigualdade-social-e-educacao-em-tempos-de-covid-19/

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